sexta-feira, 29 de junho de 2012

Um emeio


A esta altura da vida, recebo um emeio me convidando pra entrar no cara
Cara, a esta altura da vida, estrangeirismo não me agrada
Prefiro ser devorado antropotragicamente
Por um índio tupinanquim, que mora de fervor em mim

E dizem que, a esta altura da vida, comer gente está de novo na moda...
A moda vai e vem...isso é que é foda!

Cai-pira


Em Itapeva
Vivemos assim:

Meio sitiados...

Gosto


Gosto do seu jeito meio assim sem jeito
De tocar a minha mão e me apertar o peito
Gosto da sua beleza que não é de revista
Que não está assim tão à vista
Como quem não tem o nome na lista
Mas invade a festa e arrasa na pista
Gosto do gosto de rastros de pólvora
Que levam aos barris...dos seus olhares sutis
Gosto da sua beleza que não é de capa...comércio, negócio
Que não é nem fácil nem dócil, que é conteúdo
Gosto do seu jeito de quem não quer nada, de quem não tem nada
E que está com tudo.

Poeta


O poeta é a única criatura no mundo

Que consegue mentir uma verdade.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Aja, amor!

Aja, amor!

Não espere sentada
Não espere sem nada

Não espere o depois
Que demora
Façamos nós dois
O agora.

Busca

Buscamos
O nosso encontro!

Olhares

Que será que nossos olhares tanto conversam?
Quando se encontram!
Que não querem mais se separar...

Da próxima vez

Da próxima vez
Quero vir um peixe fora d'água
Palavra fora de contexto
Peça fora de lugar

Quero vir fora do mundo da próxima vez
Dentro do teu olhar...

Cantada geométrica

As tuas curvas
Fazem parte dos meus planos.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Olhares transversais


Os barros

Fitando

O barro

E trans(vice)versa.

Metal


Coração de arte


Et cetera

E metal.

Seu



Sé + céu = seu

...Tanto

Tanto barulho no mundo

E pouca música

Tantas palavras

E pouca poesia

Tantas pessoas
..................
E apenas você!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Móvel

O instante é aquele
Móvel
Na cabeça
Onde perdemos as lembranças
Ou aquele
Imóvel
Na lembrança
Onde perdemos a cabeça?

segunda-feira, 4 de junho de 2012

O Inominável (Samuel Beckett) pg. 150


Palavras, sou todas estas palavras, todos estes estranhos, essa poeira de verbo, sem fundo onde pousar, sem céu onde se dissipar, reencontrando-se para dizer, fugindo-se para dizer, que sou todas elas, as que se unem, as que se deixam , as que se ignoram, e nenhuma outra coisa, uma coisa muda, num lugar duro, vazio, fechado, seco, nítido, negro, onde nada se mexe, nada fala, e que eu escuto, e que eu ouço, e que eu procuro, como um animal nascido numa jaula de animais nascidos numa jaula de animais nascidos numa jaula de animais nascidos numa jaula de animais nascidos numa jaula de animais nascidos e mortos numa jaula nascidos e mortos numa jaula de animais nascidos numa jaula mortos numa jaula nascidos e mortos nascidos e mortos numa jaula numa jaula nascidos e depois mortos nascidos e depois mortos , como um animal digo eu, dizem eles, um animal assim, que procuro, como um animal assim, com meus pobres meios, um animal assim, não tendo mais nada da sua espécie além do medo, da raiva, não, a raiva acabou, o medo, mais nada de tudo o que voltava para ele além do medo, centuplicado, o medo da sombra, não, ele é cego, nasceu cego, do barulho, se quiserem, é preciso, é preciso alguma coisa, é pena, é assim, medo do barulho, medo dos barulhos, barulhos de animais, barulhos de homens, barulhos do dia e da noite, isso basta, medo dos barulhos, todos os barulhos, mais ou menos, todos os barulhos, só há um, um só, contínuo, dia e noite, o que é, são passos que vão e vêm, são vozes que falam um momento, são corpos abrindo caminho, é o ar, são as coisas, é o ar por entre as coisas, isso basta, que estou procurando, como ele, não, não como ele, como eu, ao meu modo, que digo, à minha maneira, que procuro, o que é que procuro agora, o que procuro, procuro o que é, deve ser isso, só pode ser isso, o que é, o que isso pode ser, o que isso pode muito bem ser, o quê, o que procuro, não, o que ouço, isso volta pra mim, e de onde isso pode muito bem vir, até mim, já que aqui tudo se cala, e que as paredes são espessas, e como faço, sem sentir um ouvido em mim, sem sentir uma cabeça, nem um corpo, nem uma alma...