sexta-feira, 30 de novembro de 2012

sobre mim

sobre mim
mares de estrelas sem fim
e em algum lugar
o fim do infinito.

Ismália


Queria a lua do mar.
Queria domar a lua.
Queria mirar o céu.
Queria selar o mi.
Queria tocar o sol.
Lá dentro do fá de si.
Queria espalhar-se, espelhar-se.
Queria Ismalhar-se lá.
E labirintou-se aqui.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

nosso


O que é nosso?

Se apagarem a luz do mundo por algum tempo e formos obrigados a sair, às escuras, à busca do que nos pertence (?) encontraríamos o que é nosso, reconheceríamos? Pelo tato saberíamos diferenciar nossa poltrona, nosso prato, nossa cama, travesseiro...? reconheceríamos a fisionomia dos nossos entes queridos, os reconheceríamos pelo cheiro, como tantos outros animais? Encontraríamos nossa rua, nossa casa pelo escuro das coisas?

Se nossos sentimentos fossem amontoados, misturados com os sentimentos de milhares de outras pessoas e nos fosse permitido fuçar aquele monte, saberíamos reconhecer quais eram os nossos?

Será que sabemos dizer com certeza, dentre as memórias que nos habitam, quais são nossas de fato e quais são emprestadas, inventadas, implantadas ou roubadas a outros?

Se eu procurar bastante, não encontrarei um texto parecido, ou mesmo idêntico escrito por outra pessoa em outro lugar e época e idioma? E mesmo que não encontre, não terá alguém pensado o mesmo, ainda que não escrito?

As palavras são minhas, o idioma é meu, as ideias são minhas, eu sou meu? Duvido muito...

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Alienação


Você v a TV
Mas a TV não t v

Você liga a TV
E a TV te desliga.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

poente


quando você está perto
tudo é tão menos distante
tudo é tão menos deserto
tudo parece tão certo

e eu vivo cada instante como se fosse o presente

como se fosse possível
do outro lado do mundo
nascer o sol, no poente.

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Infinito


Não é possível reverter uma lágrima
Redizer ou desdizer o que foi dito.

Nem é possível
Com apenas dois olhos pequenos
Conseguir devorar o infinito.

tanto demais



Sei mal. Faz tanto que eu não me enquando. Que eu quase me desmando e não me mando. Mais do que se percebe. O destino, essa carta marcada, esse barco de papel na enxurrada, esse tempo que está me matando. Sorrateiro entre as pessoas, ilhando, oceando. Mares e marés, tempos e temporais. Molham meus sonhos nos varais. Barcos de papel na enxurrada levam pro meu destino mais uma carta marcada. Tanto faz. Mas quando é tanto demais.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

nota

Não troco as notas
Que toco.

Pois entre cifras
E cifrões
Não há troco

Não toco as notas
Que troco
Pois o silêncio é o eco
Do oco.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Correntes


Felizes são as correntes de ar

Que libertam os pássaros

Em vez de aprisioná-los.

Mais cedo ou mais tarde


Mais cedo ou mais tarde
Pretendo cortar os impulsos
E sangrar até viver.