Despiu-se das roupas, todas...
E dos pudores impostos pelas roupas
Das vontades
E dos desejos e dos medos
(Roupas ainda)
Despiu-se de todas as verdades-panos
E preconceitos
E certezas-vendas
Despiu-se do sol
De toda a luz do sol de seus próprios olhos
E de quaisquer outros
E de suas saudades
Das cidades de gentes que a habitavam
De seus cemitérios
De pessoas, momentos e lembranças...
Despiu-se dos sonhos
Da angústia dos sonhos irrealizáveis
Da solidão de imaginar-se só
Ou acompanhada
Ou só mesmo acompanhada
Do que fora
Do que julgava ser
Do que seria despiu-se
E por trás de tudo que era ela
Só restou no mundo uma ausência bela.
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