Hoje quando acordei sua ausência estava comigo. E ficou e
foi ficando, calada, imprecisa, acabrunhada, melancólica, fria.
Saí para trabalhar e sua ausência me acompanhou. Em tudo
que eu olhava, lá estava ela. Tentei e tentei mais despistá-la, mas quando cheguei
ao trabalho ela estava à minha espera.
E lá ficou o dia todo, fazendo cócegas, beliscando ou
mordiscando algumas lembranças reais e outras possibilidades impossibilitadas.
Na volta pra casa, sua ausência se adiantou. Quando
cheguei, ela já havia arrumado tudo do jeitinho que você gostava: cada coisa
fora do lugar a que pertencia para mostrar que a vida não é sempre óbvia e que
o errado também pode ser correto.
Então pensei que teria que passar o resto da vida ao lado
da sua ausência.
Mas não durou muito. De madrugada, acordo com um peso no
peito. Era a sua ausência me sufocando.
Então, enfático a mandei partir.
E sua ausência me disse: só vou se ela voltar.
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