quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Traçado

Eu devo me esconder
Por quanto tempo?
Eu devo me expressar
Por quanto espaço?

E para me esquecer
Que roupa eu uso?
E para me compor
Uso qual traço?

Telepoesia

Não o conheço
Não sou seu amigo
Nunca apertei sua mão

Mas só de imaginar
Sua existência
Dá cá um aperto ao coração!

Estrangeiro

Este dia que não passa
Não termina
Este olhar sem graça, alheio
Que me discrimina
Este meu pseudo acesso
Sempre tão restrito
Este estar calado sempre
Que me oculta o grito
Este parco antigo sonho
Já puído e gasto
Este meu buscar
Do que me afasto
Este quase-conseguir
Que tanto me atormenta
Este mundo comezinho
Que ninguém aguenta
Este ser angustiado
Que me mora
Este quando que virá, virá
Mas não agora
Esta imensa dor
De ser e não saber quem sou
Este mundo falso
Que criei pra ser feliz
E onde não estou.

sábado, 27 de agosto de 2011

Jogo escatológico

A ameaça
Do fim
Sempre te traz
Mais pra mim.

Sem pressa

A porta ainda está aberta
O dia sempre recomeça
E eu que sinto amor à beça
Por você
Espero, sim
Não tenho pressa.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Réu confesso

O que nego
Minto

Eu ainda
Sinto...

O que é
Não finda

Eu te amo
Ainda...

sábado, 20 de agosto de 2011

Me-Andro

Me-Andro
Me-curvo
Me-turvo

Me-sou

Me-fico
Me-estico
Me-afundo
Me-arraso

Me-vou...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Afeto

Seu afeto
Não me afeta
Vivo disso:
Sou poeta!

"Messalino"

Descobri
Que meu gostar é "messalino"
Promíscuo e indiferente
Como o de um felino

E as pessoa que amo
São coisas que uso

Pra des-afiar o meu destino.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

FLOR-E-AR

Hoje eu te quero
Flor-e-ar

Tu que me és a cor
Mais bela e a textura
A qual meu texto
Intenta o toque, flor e ar

A tez, a maciez e a brancura
As quais me deixam
Sem saber o que pensar

Hoje eu te quero
Ver
Compor
Cantar
Tocar
Amar
E declamar

E te cobrir de flores com o olhar.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Poema

Eu te amo
Como
Quem
Declama
Um poema
Com a voz
Não
Com o coração.

Apenas ser

Apenas ser
Para se sentir
O ácido das nuvens
Nos olhos
A textura escura
Das madrugadas nas mãos

Apenas ser
Para se nascer
Para se tecer e para se pintar
E se estender de comprido
Sobre a vida
Distraída, e se deixar levar
Sem saber onde vai dar
Ou se vai dar

Apenas ser para se deixar levar
Pelo sol
Como quem busca eterna e ternamente
O farol
Que o há de guiar
E que nos há de guiar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Saiba

Saiba que eu te amo
Como sempre
E como nunca

Com todas as forças
Com todas as notas
Com todos os sonhos
A cada segundo

Mesmo calado
Mesmo distante
Mesmo perdido
Sempre te sinto
Sempre te quero
Sempre te busco

Você é o motivo
Da minha existência
No mundo.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Perdão

Se eu não pudesse te pedir perdão
Ou se você não o aceitasse

As horas seriam amargas
As dores constantes
E todos os meus instantes
Seriam prenúncios do fim

Se eu não pudesse te pedir perdão
Ou se você não o aceitasse...

O que seria de mim?

Engenho e Arte ou melhor Engenheiros e Artistas - Refrão de Bolero

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Iô-iô

Longe... perto...
Afasta... aproxima...
Vai...
Ops!

O barbantinho rompeu...

Vento

Cansei das promessas do vento
O céu não me sustenta mais
Eu quero o firmamento.

Coisas

Para mim
As coisas nunca são
O que as coisas são

Elas são
A representação
O anseio
O inverso
O quiprocó

As coisas
São muitas coisas
Numa coisa só

Porção do céu

Em que porção do céu
Fica a porção do céu
Que os homens tanto buscam?