terça-feira, 3 de abril de 2012

E-mail do poeta Fábio à poeta Ana Raquel

Oi, Ana! Como estás?

Acredito que esta busca do Wally seja bastante metafórica.
Ou seja, em meio a tanta coisa, às vezes, queremos encontrar apenas uma!
O essencial geralmente está bem escondido, o acessório é evidente!
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Eu tenho passado por uma dessas crises em que me dou conta
de que não sou bom, ou belo, ou forte, ou talentoso, ou inteligente
o bastante para isso ou aquilo, para ser merecedor disso ou daquilo.
Nunca somos o bastante, nós sabemos disso, as pessoas sabem disso.
Eu sou pouco, Ana, escasso, mirrado. e tragicamente tudo que tenho
a oferecer sou eu, e eu sou pouco!
Dizem que os dramas são tipicamente humanos, pois somos
os únicos animais que conseguem interpretar emocionalmente
as situações qua a vida lhes apresenta ou impõe.
Mas, drama ou não, é fato que há muita voz dentro de mim,
gritos de bárbaros adormecidos, trombetas de anjos renegados,
sussuros, vozes incompreensíveis, lamentos, lamúrias, declarações,
rompantes de raiva, de medo, de angústia, de amor...gritos mudos.
Afinal amor, medo, angústia, dúvida, raiva são sentimentos que se alternam,
se confundem, se aniquilam e se somam na composição da alma humana!
Eu acho que, se não é um direito constitucional, é pelo menos um direito
moral e filosófico do ser humano o direito de gritar, de por pra fora suas angústias!
E eu tenho alguns gritos presos à garganta, quando ou se poderei soltá-los?
Não sei. Mas vou gritando em sussuros, em detalhes, em olhares,
em gestos, em canções, em poesias, ao meu modo!

Fica bem
Beijo


Ps: eu encontrei o Wally!

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