quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Incompreensível



Metade das coisas que eu não compreendo
São mistérios medíocres e menores
Questões longínquas triviais ainda que enormes
Dentre elas estão espalhados sorrisos não oferecidos
Sombras disformes rastros vestígios
Alguém que passou e não foi visto
Alguém que amou e não foi quisto
Uma necessidade imprecisa
Alguma coisa que não serviu e foi lançada fora
Algum gênio que preferiu a solidão das garrafas herméticas
Aos intermináveis desejos dos homens
A fome
Essa enorme fome sem sentido e por sentido que devora os homens
Um dia por vez
Fome de febre e de voz
Eu não compreendo a terrível deriva antiquíssima dos continentes
E a atual dos conteúdos por exemplo
Isso e muito mais mas na mesma linha compreende a metade
De tudo que eu não compreendo
Embora seja compreensível
Pois esta metade que me compreende e que não é compreendida por mim sou eu
A outra e mais importante é você.

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