domingo, 11 de dezembro de 2011

Não facilite as coisas para mim

Não facilite as coisas para mim
Não vale a pena

Inventar soluções de descontinuidade
Perder a expressão de espanto
Em meu rosto
Espanto pela falta de que se espantar

Perder a fuga do meu olhar
Pela tangente
A fuga do meu olhar para lugares
Onde o meu olhar não cabe, não basta

Pois ele não basta

Não facilite as coisas para mim
Descrevendo-me
O horizonte
Além das minhas possibilidades
Deixe-me buscá-lo,
Perder-me a buscá-lo, que seja

Que seja o que se deseja
O que quer que seja o que se deseja

Não facilite as coisas para mim, eu peço,
Deixando a luz acesa
Não busque iluminar os meus escuros ocultos,
As minhas trevas possuem luzes próprias
E as minhas luzes possuem trevas, precisam de trevas
Para serem luzes

Não me diga o que há além dos muros,
O que há além das ruas,
O que há além dos dias, da vida...
Deixe,
Deixe que eu transponha meus próprios oceanos,
Cabos de tormentas,
Deixe que eu funde meus portos, ou que eu me afunde neles,
Ou que eu caia em meus próprios precipícios

Não me estenda a mão
Deixe que eu aprenda a andar,
Que eu descubra meu próprio caminho

Não facilite as coisa para mim
Com seu carinho.











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