quinta-feira, 11 de abril de 2013

O Epitáfio de deus




Os homens são o tropeço de deus.
O diabo de uma pedra bem no meio da via sacra.
E os santos palavrões apenas Drummond os ouviu.
São o escorregão de deus em uma casca de banana, outra vez
São as falhas de deus, as cicatrizes,
As rugas, as rusgas, os disparates, as patranhas,
As idiotices, o big brother de deus
Um temporário lapso na coerência divina
Os homens são pichações nos muros de deus
Nos murros de deus
Toques nas portas de deus, maranhos em seus cabelos,
Pedras em seus sapatos, aftas em sua boca
Os homens são os espasmos de deus,
A solidão divina, o divino “ah, foda-se tudo!”
Sãos as tagarelices de deus depois de um bom pileque.
Os dados com que deus joga para passar o tempo
Fiapos de carne nos divinos dentes
Trapos com que ele cobre sua divina vergonha
Espelhos que deus usou para enganar os indígenas celestes
Em troca do universo
Os homens sãos as esperanças e os desesperos
De deus, os medos de deus, as unhas encravadas na vida de deus
Os coelhos que deus tira das celestiais cartolas
Os ursinhos nos os quais se agarra para conseguir dormir à noite
Os homens são um carinho, um tapa, um coice nas divinas bolas
São as olheiras, os cabelos brancos de deus
As impotências, as ejaculações precoces
Os membros rijos do divino corpo

A falta de fé, de amor, de vontade, de fôlego, de existência
Os homens são o epitáfio de deus.

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