segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Ausência bela

Despiu-se das roupas, todas...
E dos pudores impostos pelas roupas
Das vontades
E dos desejos e dos medos
(Roupas ainda)

Despiu-se de todas as verdades-panos
E preconceitos
E certezas-vendas

Despiu-se do sol
De toda a luz do sol de seus próprios olhos
E de quaisquer outros

E de suas saudades
Das cidades de gentes que a habitavam
De seus cemitérios
De pessoas, momentos e lembranças...

Despiu-se dos sonhos
Da angústia dos sonhos irrealizáveis
Da solidão de imaginar-se só
Ou acompanhada
Ou só mesmo acompanhada

Do que fora
Do que julgava ser
Do que seria despiu-se

E por trás de tudo que era ela
Só restou no mundo uma ausência bela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário