sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Flores em botão

Sempre que venho a este parque
Admiro-me com estas pequeninas flores em botão
Fico pensando no mistério e na beleza
Das flores que estes botões ocultam

E penso com tristeza nos desencontros humanos

Penso como nem sempre conseguimos ficar ao lado
Das pessoas de quem mais gostamos
Nem sempre...

E podemos apenas adivinhar-lhes o macio toque,
O olhar doce ao acordar em sua companhia de manhã,
Ou aquele pequeno sorriso que nos faria felizes por uma vida
E apenas aquela pessoa nos poderia dar

Penso tristemente como às vezes
Os carinhos, beijos e afagos tão desejados
Por duas pessoas que se gostam tanto
Ficam apenas nos olhos e na imaginação

Que deu errado?
Talvez a falta de coragem de dizer e fazer o que deveria ter sido dito e feito
Em seu devido tempo
Talvez a cegueira que a vida nos impõe
Às coisas que realmente nos são importantes
Ou o movimento insólito do mundo
Que sempre nos empurra seus valores
E nos afasta mais e mais do que desejamos

No final tudo segue seu rumo
E estas felicidades abortadas
Acabam por cristalizar-se em nossa lembrança
Como botões
Pequenos botões de flores que nunca desabrocharão

Mas quem sabe,
Quando eu voltar um dia a este mesmo parque...


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